Exercícios de fisioterapia na região pélvica podem melhorar incontinência urinária

Exercícios de fisioterapia na região pélvica podem melhorar incontinência urinária

Elizabeth Alves Ferreira destaca que há dois tipos de incontinência urinária: a de esforço, caracterizada por uma perda urinária quando há mudança na pressão do abdômen, e a de urgência, quando a paciente tem que sair correndo para o banheiro

A incontinência urinária ocorre quando não há controle da bexiga. Seja ela por esforço ou por urgência, tem alta incidência na população e atinge todas as faixas etárias. Por parecer algo comum, as pessoas não procuram por tratamentos. Mas a fisioterapia, com exercícios para a região pélvica, pode ser um modo de melhorar essa situação.

Ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, a professora Elizabeth Alves Ferreira, do Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina (FMUSP) e fundadora e coordenadora do Laboratório de Pesquisa de Fisioterapia em Saúde da Mulher (Labfism), ambos da USP, explicou que esse problema não é natural. “Perder urina não é normal e, infelizmente, algumas pessoas associam essa normalidade ao processo de envelhecimento. […]  Temos pessoas muito jovens, com a faixa de 20 anos, que também têm perda urinária.”

A professora destaca que há dois principais tipos de  incontinência urinária: a de esforço, caracterizada por uma perda urinária quando há mudança na pressão do abdômen — pressão intra-abdominal —, em “situações como tossir, espirrar, correr, pegar um peso, gargalhar”, e a perda urinária por urgência, em que a paciente tem que sair correndo para o banheiro. “É normalmente associada à bexiga hiperativa, uma outra disfunção.”

Quando há perda em pouca quantidade, é vista como normal. O indivíduo só vai pedir ajuda quando ocorrer alguma situação social vexatória, como molhar as roupas. Mas Elizabeth enfatiza que, “começou a ter perda urinária, deve procurar ajuda. De quem? Ajuda de um médico ginecologista, urologista ou fisioterapeuta especializado em saúde da mulher”, áreas que têm mais familiaridade com o tema e podem ajudar a diagnosticar o quanto antes.  

Causas e tratamentos

Alguns fatores podem ajudar a identificar a incontinência urinária, como a idade, o sobrepeso, ter ficado grávida, sendo um problema multifatorial. “As medidas comportamentais colaboram para que a pessoa não a tenha tão precocemente”, ressalta a professora. 

Além disso, esse problema ocorre porque há “um funcionamento inadequado dos músculos do assoalho pélvico”, como destaca Elizabeth, e o tratamento com a fisioterapia é muito eficiente para contornar isso. 

“A fisioterapia atua na incontinência urinária porque recupera essa função dos músculos do assoalho pélvico.” Ela prossegue, explicando que é feita pela fisioterapia uma avaliação da paciente e um programa de alongamento, fortalecimento e, em alguns casos, também há o uso da eletroterapia. “Pode ser na perna ou intracavitária. Então, tem um leque de técnicas que a fisioterapia vai utilizar para esse tratamento”, explica. 

A professora contou que, em algumas situações, o problema não é só musculatura. “Tem outros pontos que precisam de um auxílio, de uma reestruturação da anatomia, feita com cirurgia.”

Aplicativo para hábitos urinários

O aplicativo Minha Bexiga foi desenvolvido para a pessoa que sofre de incontinência urinária, ou alguma disfunção nesse sentido, registrar sobre os hábitos urinários. “Esses dados serão compartilhados com quem ela quiser: o médico, fisioterapeuta e nós, profissionais de saúde […] Conseguimos ver esses dados da paciente no início e no final do tratamento, em algum outro momento”, afirma a professora. 

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